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20.5.11

Um tapinha não dói

Se a educação no Brasil por si só, funcionasse de alguma maneira, não teríamos a maioria dos alunos de escola pública, se formando analfabetos funcionais. Isso tudo é uma palhaçada. Cada vez mais parece existir um medo de que crianças tenham frustrações. Frustrações fazem parte da vida e é errando que aprendemos. Se não existe erro, então não existe aprendizado também.

O aluno não pode repetir de ano, pois repetir vai mexer com a autoestima dele. Agora também não podem ser corrigidos quando falam ERRADO. ERRADO SIM! Não é preconceito. É conceito formado depois de muito pensar a respeito do assunto. ACHISMO? Pois tanto estudo a respeito só leva a educação do brasileiro, cada vez mais direto para o lixo.

Qual o problema em se ensinar o correto? Erros de português todo o mundo tem e terá a vida toda, não precisamos de um livro que nos diga que isso é certo. Aliás, isso ser comum, não significa também que seja certo. Desculpem-me os adeptos desses pensamentos mas a situação da educação só tende a piorar a cada nova invenção.

Agora vem a lei da palmada. Também sou contra que se espanque uma criança, não importa qual o motivo. Mas uma palmada não machuca. Sou obrigada a concordar com a frase do famoso (e de péssimo gosto) funk "um tapinha não dói". Não dói mesmo e ainda por cima direciona. Tanto eu, quanto meus irmãos, quando necessário, levávamos umas palmadas na bunda. E graças a isso, hoje somos pessoas de bem, adultos sem desvios de conduta. Nem hoje, nem na adolescência, demos qualquer tipo de dor de cabeça para nossos pais. Sempre os respeitamos sem que isso significasse que tínhamos medo deles. O amor sempre falou mais alto e sempre entendemos que quando nos corrigiam, era porque tínhamos feito algo para merecer o castigo. Aliás, falando em castigo, lembro claramente que na minha infância, eu preferia mil vezes que minha mãe me desse um tapa na bunda do que me deixasse de castigo. O tapa passava e o castigo me ocupava um tempo muito maior. Isso mostra também que o castigo funciona melhor que o tapa, mas em determinada ocasião, o tapa dava muito bem o recado.

Será que não percebem que Von Richthofens e Nardonis, são frutos de uma educação sem limites e sem frustrações? Que crianças que não passam por esse tipo de esperiência cresce achando que tudo o que querem podem ter e terão a qualquer custo? Ninguém se indignou ao ver o pai e a irmã de Alexandre Nardoni, depois de ter assassinado a própria filha (ou seja a neta e sobrinha dos mesmos) ainda o apoiavam como se ele fosse uma vítima??? Ninguém percebe que é esse o resultado de tanto se passar a mão na cabeça das crianças como se dissessem: "tudo bem, não tem problema, eu perdôo o que você fez"?

Sempre tive uma relação muito boa com meu afilhado (hoje com 10 anos). Nunca precisei encostar um dedo nele, nem levantar o tom de voz. Temos uma relação incrível e se um dia eu tiver filhos, gostaria muito de conseguir ter uma relação parecida. Mas isso não é regra. Cada criança é diferente, age diferente e precisa ser levada de forma diferente. Na minha casa mesmo, quando éramos crianças. Eu sempre fui a que menos apanhei, porque fui a que menos precisou. Fui uma criança quietinha, tímida, lia muito, não era de fazer muita bagunça. Ainda assim, em alguns momentos precisei do tapinha na bunda ou do castigo. Da mesma forma, meus dois irmãos (um mais velho e outro mais novo que eu) foram mais "arteiros" e precisaram mais de castigos. Tivemmos a mesma criação, mas agíamos diferente, conforme nossa personalidade. Meu irmão mais velho era terrível. Batia em mim e no meu irmão caçula, enrolava a gente, enfim... Acabou apanhando mais. Hoje ele mesmo reconhece que merecia ter apanhado muito mais do que apanhou.

Sou 100% contra a violência contra crianças, contra adultos, contra idosos, contra animais... Sou contra a violência. Mas temos que entender que um tapa nem sempre é violência. Tenho certeza que minha mãe não gostava de bater nos filhos. Fazia quando, e se necessário. Sei que não existe no mundo mãe melhor que a minha e o amor dela pelos filhos me emociona só de falar. Esse tipo de coisa a gente sente na postura da pessoa em todos os momentos e não na atitude dela na hora da bronca.

Fui cobrada a ter boas notas nas provas, nos trabalhos, a fazer lição de casa, passar de ano.

Não tive roupa de marca, embora estudasse em uma escola particular onde todo o mundo tinha. Isso era frustrante? Era. Mas por outro lado minha mãe lidava com maestria a esse respeito. Em uma época de consumismo excessivo que foram os anos 80, minha mãe me perguntava se eu queria fazer propaganda de graça para as marcas de roupa, e andar vestida igual a todo o mundo, e me mostrava que era muito mais legal ser difernte e exclusiva.

Eu era estrábica e precisava usar óculos e tampão. Em momento algum meus pais deixaram que eu me sentisse feia ou excluída por conta disso e o resultado é que hoje tenho um lindo par de olhos azuis, perfeitos. Minha ortoptista disse que eles devem ter sido muito severos comigo para que hoje eu precise ser forçada para minha vista responder como a vista de um estrábico (sim, estrabismo não tem 100% de cura) e quem me conhece hoje, jamais imagina que fui vesga. Digo que não, meus pais não foram severos. Foram amorosos e corrigiram minha vista sem que eu percebesse que eu era diferente.

Criança é criança. Não tem limites sozinha, não sabe sozinha distinguir o que é bom ou ruim, não tem responsabilidade nem se dão conta dos resultados que suas escolhas trarão com o tempo. Não podemos deixar que elas decidam sozinhas o que querem pra si, se querem estudar, se querem falar "pobrema" se querem pegar a caneta da amiguinha da escola...

Minha mãe sempre diz uma frase que acho que minha avó também já dizia: "É de pequenino que se torce o pepino" e unindo a outra frase feita, se não corrigirmos os problemas apresentados pelas crianças enquanto são crianças, depois "Não adianta chorar ao leite derramado".

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